Araraquara tem pelo menos dez animais com a doença
Matão registrou um caso de leishmaniose visceral, uma doença transmitida pelo mosquito palha. A vítima é um bebê que pegou a doença aos sete meses e, desde 16 de janeiro, está internada no Hospital das Clínicas Criança (HC Criança) em Ribeirão Preto.
De acordo com a mãe Tayná Juliana da Silva, a bebê começou a apresentar febre em 29 de dezembro. Um dia depois, começaram a aparecer manchas em todo o corpo e a febre chegou a 43ºC.
A criança foi levada ao Hospital Municipal Carlos Fernando Malzoni, onde foi diagnosticada com alergia bacteriana, medicada com antibiótico e liberada para voltar para casa.
Após sete dias dando o remédio e sem a febre abaixar, a mãe voltou ao hospital, onde outro médico atendeu a criança e fez exames de hemograma e do líquido da espinha.
Os exames não mostraram a causa dos sintomas e a menina foi internada na UTI, onde passou por mais testes, desta vez para chikungunya e dengue, mas também deram negativo.
Segundo a mãe, a bebê piorava a cada dia e começou a inchar e o número de plaquetas caiu a 15 mil. Os médicos suspeitaram de leucemia e encaminharam para o HC Criança, onde recebeu transfusões de sangue e passou por mais uma bateria de exames.
Somente em 24 de janeiro, a bebê foi diagnosticada com leishmaniose e síndrome hemofagocítica. Até então, ela precisou ficar entubada e passar por diálise porque a doença afetou os rins.
A bebê, agora com nove meses, saiu da UTI, mas ainda permanece internada HC Criança devido a uma infecção. Ela também terá que passar por acompanhamento por dois anos.

Controle da doença
Em relação ao caso do bebê de matão, diagnosticado com leishmaniose, a secretaria de saúde da cidade informou que agentes da Sucen estão colocando armadilhas para capturar o mosquito palha, transmissor da doença.
O secretário de Saúde João Guimarães Junqueira neto afirma que os trabalhos vão ser realizados na região onde a criança morava, no bairro das laranjeiras o bairro fica muito próximo a região rural da cidade.

A doença
A leishmaniose visceral também conhecido como calazar, é uma doença transmitida pela fêmea do mosquito palha que adquire o protozoário de cachorros contaminados. A doença não é contagiosa e é transmitida apenas pela picada do mosquito. A mortalidade pode chegar a 10%.
Os cachorros são hospedeiros do parasita e quando o mosquito palha pica o cachorro ele passa a transmitir a doença para os seres humanos. No bairro onde mora a criança, todos os cachorros foram investigados e atestados como negativos para a leishmaniose
A doença em Araraquara
A reportagem da CBN conversou com a veterinária Ana Paula da Silva Almeida, do Centro de Controle de Zoonoses de Araraquara para saber se há motivos para preocupação aqui na cidade.
Segundo Ana Paula, nos últimos 12 meses, pelo menos dez casos de leishmaniose em cães foram notificados pelo Centro de Controle de zoonoses de Araraquara.
“Aqui encontramos o mosquito transmissor, mas não encontramos animais contaminados nessa região. Foi distribuído comunicado para os veterinários da cidade, para fazer o exame e fazer a notificação. Em abril vamos fazer um inquérito epidemiológico colhendo a amostra de sangue de cães da região que a gente encontrou o mosquito”, explica Ana Paula.
A veterinária explica, apesar das notificações, não é possível afirmar que o parasita circula em Araraquara porque os casos são considerados importados. Ela lembra ainda que os cães nem sempre manifestam os sintomas da leishmaniose e mesmo quando eles aparecem, podem facilmente ser confundidos com outras doenças caninas.
“Os sintomas característicos da leishmaniose é o emagrecimento, problemas de pele – começa a ter crostas – cresce a unha. Esses são os sintomas mais característicos, mas não necessariamente o animal que tenha esses sintomas estará com a doença. Então, vai desde um caso assintomático até um caso clássico da leishmaniose mesmo”, explica.
A confirmação da doença deve ser feita com exame de sangue ou com punção de linfonodo.
Segundo a veterinária, há um tratamento específico para a doença liberado pelo ministério da agricultura, a miotefosina. O custo do medicamento varia de R$ 830 a R$ 1.500. Entretanto, por se tratar de uma doença que coloca em risco a saúde pública, normalmente é realizado o sacrifício do animal.
Conscientização
O centro de controle de zoonoses, segundo a veterinária está intensificando as ações de conscientização dos veterinários para melhorar a eficiência do sistema de notificação de casos, ainda que suspeitos.
“É preciso ficar em alerta, pois se teve um caso em humano , ele esta na região. É preciso ficar em alerta com o animal, que muitas vezes não esta reagindo, pode ser uma leishmaniose. É preciso ver a área que essa criança reside para fazer uma vigilância nessa região.