O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Florianópolis afirma ter recebido ameaças durante trabalho de orientação dos moradores sobre a leishmaniose visceral. De acordo com o gerente de Controle de Zoonozes e Sinantrópicos, André Grippa, foram deixados comentários desse tipo em uma rede social. Foi feito boletim de ocorrência sobre o caso.
As ameaças foram feitas há cerca de um mês. Segundo o gerente, elas vieram de moradores de uma rua do bairro Saco dos Limões. Por causa disso, os funcionários do CCZ vão passar nessa localidade em outra ocasião. O boletim de ocorrência foi feito na 5ª Delegacia de Polícia da Capital.
No sábado (16), a Prefeitura de Florianópolis informou que o terceiro caso contraído no estado de leishmaniose visceral humana foi confirmado pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (Lacen). Desde agosto, quando foi confirmado o primeiro caso, o CCZ faz o trabalho de orientação de porta em porta.
Segundo o levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, a leishmaniose visceral canina, que antes se concentrava na região da Lagoa da Conceição, agora está distribuída em 34 bairros da capital.
Neste ano, foram testados 713 cães e detectados 62 casos da doença. A maioria dos casos está localizada na Lagoa da Conceição, no Canto da Lagoa e na Costa da Lagoa; mas bairros como Rio Tavares, Pantanal, Córrego Grande e Itacorubi também estão na lista.
“A gente vai na casa, conversa com o proprietário, pergunta se ele quer fazer o teste [no cão]. Dando positivo, enviamos para o Lacen para um segundo exame. Dando negativo ou positivo, entramos em contato com o proprietário para dar todas as recomendações”, disse o gerente sobre o trabalho feito pelos funcionários do CCZ.
Caso o cão tenha a doença, o proprietário pode fazer o tratamento com o veterinário ou encaminhar o animal para o CCZ para eutanásia. Mesmo medicado, o cachorro continuará com o protozoário no corpo.
“Não leva a cura e precisará sempre de acompanhamento. Vai ter sofrimento, o cão vai estar sempre doente”, afirmou o gerente. Nesse caso, o dono precisará cuidar para que o protozoário não passe do cachorro para a família, o que ocorre quando o chamado mosquito-palha pica um animal infectado e, em seguida, um ser humano.
Se o dono optar pelo remédio, assina um termo. Caso o proprietário não faça o tratamento, ele pagará multa, cujo valor ainda é discutido na prefeitura. O dono do animal também precisa assinar um termo se escolher pela eutanásia, que é recomendada pelo Ministério da Saúde.
O mosquito-palha é pequeno, tem de 0,1 mm a 0,3 mm. Ele se reproduz em matéria orgânica, conforme o gerente. Ele deu orientações para evitar a proliferação do mosquito. “Limpeza do terreno, colocar uma tela fina em cima de compostagem e manter chiqueiros e galinheiros afastados da casa”. O inseto é mais ativo durante o amanhecer e anoitecer.
No site da prefeitura, é possível encontrar perguntas e respostas sobre a doença. A leishmaniose visceral humana é uma doença grave causada pelo parasita Leishmania chagasi, mas há tratamento caso seja descoberta no início.
A Secretaria Municipal de Saúde orienta que pessoas com os sintomas da doença façam um exame laboratorial. O tratamento é gratuito e precisa ser feito em um hospital. Veja os sintomas:
- febre intermitente com semanas de duração
- fraqueza
- perda de apetite
- emagrecimento
- anemia
- palidez
- aumento do baço e do fígado
- comprometimento da medula óssea
- problemas respiratórios
- diarreia
- sangramentos na boca e nos intestinos
Em animais, os sintomas são:
- emagrecimento
- enfraquecimento dos pelos
- apatia
- descamação ao redor dos olhos, focinho e ponta das orelhas
- crescimento exagerado das unhas
- conjuntivite ou outros distúrbios oculares
- aumento de volume na região abdominal
- diarreia, hemorragia intestinal e inanição
A orientação da Secretaria Municipal de Saúde é que o morador da capital que tiver um cachorro que apresentar os sintomas procure um veterinário ou o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Florianópolis para fazer um exame laboratorial.
Caso o cão tenha a doença, o proprietário deve avisar o CCZ pelo telefone (48) 3338-9004 ou pelo e-mail zoonoses.pmf@gmail.com. Dessa forma, o CCZ pode visitar a vizinhança e verificar se há outros cachorros contaminados e fazer as medidas de contenção do foco da doença.